No fundo você esta perdida,  você não sabe para onde ir, você quer que alguém te segure e diga que vai ficar tudo bem mas todos estão com pressa e você só quer ir para a chuva, ler um livro, ver um filme, você não consegue viver como os outros, fingir e dizer coisas bonitinhas para agradar.

Do livro O apanhador no Campo de Centeio

Você sabe o que que eu quero ser? — perguntei a ela. — Sabe o que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?
— O quê? Pára de dizer nome feio.
— Você conhece aquela cantiga: ‘‘Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio’’? Eu queria...
— A cantiga é ‘‘Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio’’! — ela disse. — É dum poema do Robert Burns. (...)
— Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto — quer dizer, ninguém grande — a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que que eu tenho de fazer? Tenho de agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo.